A produção industrial brasileira segue sem sinais de robusto crescimento. O setor avançou 0,1% na passagem de março para abril deste ano, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. Nos quatro primeiros meses, acumula queda de 3,4%.
Se considerados os últimos 12 meses, o setor acumula retração de 0,3%. É o primeiro resultado negativo desde março de 2021 (-3,1%). Na comparação com abril de 2021, produção caiu 0,5%. O resultado não foi uma surpresa para os analistas, que esperavam alta de 0,1% no trimestre.
Este é o primeiro resultado setorial apresentado pelo IBGE referente ao mês de abril, passando a contemplar parte do desempenho do segundo trimestre deste ano. Na última quinta-feira, o IBGE divulgou a alta de 1% do PIB no primeiro trimestre, com a indústria ainda patinando no período.
O gerente da pesquisa, André Macedo, explica que o setor industrial teve uma melhora em seu desempenho nos últimos três meses em que colheu resultados no campo positivo. Mas essa melhora está atrelada ao fim das restrições sanitárias e é insuficiente para compensar as perdas do passado.
“Mesmo que nos últimos seis meses a indústria tenha mostrado cinco taxas no campo positivo, ainda assim está 1,5% abaixo de fevereiro de 2020”, diz Macedo.
Segundo o IBGE, as plantas industriais ainda percebem o aumento do custo de produção e a escassez de algumas matérias-primas.
Produção de combustíveis puxa alta
Das quatro categorias econômicas pesquisadas, duas tiveram alta. Os bens de consumo semi e não duráveis subiram 2,3% enquanto os bens intermediários avançaram 0,8%. A atividade que mais contribuiu para a variação positiva em abril foi a de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com crescimento de 4,6%. Outras atividades que contribuíram para a variação positiva de abril foram: bebidas (5,2%) e outros produtos químicos (2,8%).
Por outro lado, os setores produtores de bens de capital recuaram 9,2% e de bens de consumo duráveis caíram 5,5%. A retração nesses dois setores acabou interrompendo dois meses seguidos de crescimento na produção, período em que acumularam avanços de 12,1% e 3,8%, respectivamente.
Perspectivas
A economia brasileira tem sido impulsionada, conforme resultado do primeiro trimestre deste ano, pelo consumo das famílias. O consumo, contudo, não é o suficiente para alavancar a indústria. A inflação elevada e a alta dos juros atuam como limitadores sobre o desempenho do setor. Isso porque a inflação corrói renda das famílias, enquanto os juros altos encarecem o crédito, o que prejudica a demanda e produção interna principalmente por itens do setor de bens duráveis.
Pelo lado da oferta, o setor industrial ainda enfrenta problemas com a desorganização das cadeias produtivas, que levou à falta de componentes e ao encarecimento das matérias-primas usadas pelas fábricas.
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Apesar do cenário desafiador para o setor, empresários estão mais otimistas para os próximos meses. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) do FGV IBRE subiu 2,3 pontos em maio, para 99,7 pontos, o maior nível desde dezembro de 2021, quando ficou em 100,1 pontos.